quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Experiência da mesa

Sobre a base concreta de minha vida
seres vêm d'além vida
me alçar ao infinito.

E todos os dias me transformam
numa experiência metafísica
em que meus olhos
se fecham a ver.

Ao ver e me ver
a vida e minha vida
consternado por ver meu tamanho
desço, desço ao fundo e profundo de mim mesmo.

De volta à base de volta aos meus olhos
Fico menor, porque sou menor.

E me vejo menor...
Mas crescendo...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

EU TENHO DÚVIDAS

Eu tenho dúvidas! Sim, eu tenho dúvidas.” Enquanto madame Beauvier chorava, num desespero que me parecia irremediável, eu, consentido, respondia a mim mesmo: Eu também tenho dúvidas. A ilusão de Madame Beauvier tomou conta de mim. Era eu agora quem tinha dúvidas. Saía do cinema como se não soubesse para onde ir. Eu não conseguia ir para casa. Tinha que correr atrás de resolver, de alguma forma, a falta de certeza que já me consumia. Vou me encontrar com ela de novo. Mas era só um personagem. Tinha, até aquele momento, certeza de que não existia. Fui invadido pela arte?
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Após algumas voltas no mesmo quarteirão, volto para o cinema. “Preciso de outra sessão, pelo amor de Deus”! Vou investigá-la. Assistirei da poltrona do crítico. Quero ter certeza de que esta dúvida não irá transpor o filme novamente. Voltarei para a realidade deixando a dúvida com quem ela deve ficar.
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Lá está Madame Beauvier chorando novamente. “Eu tenho dúvidas!”.
Eu também tenho dúvidas! A dúvida volta ainda mais forte, porque, agora, eu tenho mais detalhes da falta de informação: a dúvida em sua plena certeza de existir!
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Então volto para casa e no caminho faço o que nunca faço: ligo o rádio. Vou deitar o mais rápido que posso, querendo acabar logo com esta angústia idiota. Como quem ansioso deita na cama e divaga horas e esquece de dormir, por ser aquele momento um dos poucos de contato íntimo, eu não conseguia dormir. Mas com uma diferença: divagava na dúvida, em não ter o que divagar.
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A ilusão quando contamina a realidade parece que não pode ser mais tratada como ilusão. No meu caso ela era realidade latente, despertada pelo viés da arte. Eu havia entrado num mundo que era meu. Da mesma forma quando interpretamos sonhos na terapia, eu havia me deparado com minhas dúvidas no filme. A angústia de viver e seguir vivendo sem certezas...
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Kafka fazia muito mais sentido agora...
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É bom quando os dias vão passando e novas preocupações vão assumindo o lugar das velhas. Temos a sensação de que as coisas estão seguindo o seu caminho certo. Mesmo quando não conseguimos resolver os nossos problemas, mas damos um jeito de esquecê-los. Isso não está acontecendo comigo. Estou a cada dia com mais dúvidas.
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Meu olhar está se tornando dúvida!
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Mas minha dúvida não tinha forma. Não havia até o momento transbordado de mim. Ela me consumia e se comportava como uma virose fantasma. Angustiosa, porém indetectável para a medicina humana.
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“Está na hora de concluir e fechar o Capítulo II. Não se esqueçam: seu objetivo é o de apresentar uma reflexão sobre as finalidades do ensino de Português.”
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“O ensino de português...”
“O aprendizado de uma língua materna...”
“A língua e o poder...”
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O verbo se fez carne!!!!
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Tomei contato com minha grande angústia. O que eu sabia não me ajudava. Não tenho a coragem de escrever. O que eu sei não é o bastante. Me sinto esfacelado.
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Hoje é o dia em que eu escrevo com dúvida. Escrevo com medo de não ser aprovado. De pensar coisas que não se aplicam. Hoje eu olho para mim e vejo que não tenho experiência de afirmar muito sobre a educação. O que eu penso importa, mas não me basta.
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Hoje eu devo dizer sobre a finalidade do ensino de língua portuguesa. Mas não posso. Não sei. Hoje eu deveria criticar a gramática tradicional, exaltar a literatura, amar a língua, relacioná-la com o poder, ver na língua a expressão do sujeito. Mas não irei.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"E O VERBO ERA DEUS" VS "VÓS SOIS DEUSES"

“Minha pátria é a língua portuguesa”

Minha pátria é minha língua. Eu aprendi a pensar em brasileiro. O brasileiro dominou meus sentimentos. Só em brasileiro eu sei sentir “eu te amo”. E é por isso que eu amo a minha língua!

Quando Aristóteles tentava expressar as categorias do pensamento humano, não fez nada mais que expressar as categorias da língua Grega. O meu pensamento tem “sujeito oculto” (têm fenômenos sem sujeito!!!!), tem saudade, tem “fofinho”. A palavra é a expressão de uma cultura. É a identidade de um povo! Mas cada idioma tem suas variações, variações regionais, sociais, culturais, individuais. O brasileiro que se aprende, é o brasileiro que se é: é o que se diz; o que se vive. “Da abundância do seu coração fala a boca.”

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobre as marcas do egoísmo

Que não têm nada de poéticas e devem ser apresentadas de maneira dura e direta. Diga-me como reages e verei até onde chega a tua “umbigalização” da vida. Tomemos muito cuidado meus amigos! O mundo caminha para as organizações coletivas. O exclusivismo é marca de gases nobres, não de seres humanos. A “tendência natural ao egoísmo do ser humano“, que Sartre nos afirma, nada tem de empírico: é a maneira triste de um homem triste ver a vida. A tendência natural da vida é o crescimento, o despojamento da vontade egoísta nutrida pelo desejo animalizado. Que nós consigamos compartilhar as alegrias de sermos felizes com todos e não fechados em guetos! Acho que fui rápido, mas fui certeiro.

Beijos a todos!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Amor... solidão.

Eu fecho os olhos para me inspirar e me vem amor.
Eu abro os olhos para escrever e ainda me vem amor.
Eu olho para o meu lado e apesar de não ter ninguém
Eu vejo amor.

Eu estou pronto para amar,
Ainda que seja o meu destino ficar sozinho.
Eu amarei com tanta paixão a solidão,
Porque sei ser somente uma ilusão.

Quem ama jamais está sozinho!
Quem ama é sempre amado!
E quem ama compreende e faz companhia à solidão...

domingo, 1 de março de 2009

Ainda sobre sonhos e nuvens...



SOBRE SONHOS E NUVENS

Por desacatar o natural
As nuvens invadiram a cidade.
Penetraram cada rua, cada casa:
Cerrou-se a paisagem.
Diante do meu olho, somente o branco
Branco fosco somatório de cor nenhuma

Saí a fazer as coisas que me cabiam,
Mas quando dei por mim
Estava preso diante da cegueira
De ver as coisas diante das nuvens.
Como quando acordamos de manhã
Sob efeito das impressões do sonho.

E em relacionar sonhos e nuvens
Que realizei que estava em sonho em vida.
Que vivia a vida em sonho.
Que vivia o futuro das coisas presentes.

E então tive que levar as nuvens
Que vieram dos meus próprios olhos,
Rumo aos céus, que são os meus céus,
Para me inspirarem,
Mas não me confundirem.


E a dor de deixar as nuvens
Não é maior
Do que a de viver as coisas
No espaço em que não as convém.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

SONHOS E NUVENS


E os sonhos ainda inspiram a alma humana. Foi escrito pensando em sonhos para duas almas...


SONHOS E NUVENS
Tenho os sonhos enquanto nuvens .
São apenas nuvens, nada mais.
E quando estão na terra, já não são nuvens:
Realidade das nuvens é ser neblina.

Assim são os sonhos...
Quando invadem nossas vidas
Não são sonhos,
São apenas a realidade.

Quando acredito nos sonhos,
Acredito que a nuvem
Se tornará neblina.

Mas nuvens não se tornam neblina.
Somos nós que subimos a serra.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Quem será contra nós???

Quem será contra nós?
Nós mesmos!
Diante da ilusão do tempo e da efemeridade da vida,
O homem aprendeu a ignorância hedonista!
Aprendeu a cultivar o pó,
A semear ventos

O que hoje eu vejo?
Vasta beleza? Miséria extrema?
Tudo isso passará...

Tendência natural ao egoísmo?
Estupidez do olhar de um egoísta.
Inércia é a tendência natural ao movimento.
O corpo só está parado na visão do ignorante!
Projetemos nosso olhar no universo
E veremos que estamos todos em movimento!

Quer voltar para si mesmo?
Quer descobrir o vazio?
Cultiva o seu orgulho!

E se Deus é por nós,
Por que sou contra Eu mesmo?

domingo, 25 de janeiro de 2009

UM CÂNTICO COM CECÍLIA

Para mim o melhor livro de Cecília é "Cânticos". Esse é mais um dos poemas feitos em conjunto por mim e por Cecília, que não está, mas acho que poderia estar em cânticos. Não tem título, assim como todos os poemas do livro

“Adormece o teu corpo com a música da vida”
E acorda a tua alma,

sentindo a vibração
Que, até então, estava perdida.

“Não queira ser tu!”
Teu olho já não é mais o mesmo.
A miséria humana
Que ,antes passava a esmo,
Ressurge, retumba, inflama.

“Vence a miséria de ter medo.”
Olha-te nu no espelho
E entende que és além da miragem,
Além do sonho de ficar velho.

“Esquece-te”,
Tendo as crianças por mestras...
Assim fora dito!
Agora Relembra-te.
Torna-te um mito!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Noite de chuva

O momento nunca chegará ,
Porque o momento nunca passou.
O relógio não está parado
E o tempo sempre esteve favorável.
Desde a junção dos primeiros átomos
Nunca mais paramos de crescer.
Morrer é conseqüência do clímax!
Acabou?
Ainda assim vale a pena pular a janela e sentir a chuva.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Quem não tem cão, caça com o que não tem!

Hoje eu vi Mamma Mia. Delícia de filme. Caso não tenham companhia para vê-lo, como eu não tive, fodas! Beija a vida!

Eu estava sentado e o filme acabou...

o amor é um vira-lata serelepe
Que Vibra ao me ver
E apesar de temer o abandono
Troca a incerteza da dor,
Pelo carinho do dono.

E o amor serelepe
Que vibrou ao me ver
Não estava ao meu lado
Quando o filme, já acabado
Encheu meus olhos de alegria.

Desde então eu me apaixonei pela vida
Porque o cãozinho,
que pode ser você,
não estava aqui hoje,
quando desliguei a TV.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Por que tanta preocupação com a virada de ano? Ritos bizarros feitos ao redor do mundo, todos querendo renovar valores, costumes, etc. Fico pensando em renovações de ciclos, uma volta em torno do astro-luz, mas a cada dia que passa, sinto que a explicação é cada vez menos lógica...

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Rodou o girassol
E continua apontando para o sol.
Rodamos em torno do que?
Continuamos sendo o que?

Não importa quantos caminhos tomar,
Os caminhos certos
Levam sempre ao mesmo lugar.

De que me bastou tanto pensar?
Tanta filosofia, porquês,
Se minha revolução não tinha destino?

Talvez quando o sol
Da nova revolução brilhar,
Eu imprima rumo novo
No meu caminhar...

Talvez quando o sol
Da nova revolução brilhar
Em torno do mesmo eixo
Eu torne a rodar...

Talvez...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Filosofia, língua?

Minha mãe sempre fala em usar a filosofia pra entender os porquês do mundo. Mas o motivo desse post é que certa feita um conhecido me disse que falava filosofia. Eu vivo para estudar línguas e alguém me diz que fala filosofia (achei até um pouco arrogante, confesso, mas depois me acostumei com a naturalidade da resposta). Essa idéia me martelou alguns dias.


AOS QUE FALAM FILOSOFIA

Porque transborda da boca,
o sangue que há em teu coração,
É que falas filosofia.

Falas além das palavras,
Porque ouves além das vibrações;
Porque vês mais além.

Mas tudo isso é humano
Simplesmente humano.
E é só mais que o animal...
E é natural!
O Maravilhoso é ensinar
outrem a falar
FILOSOFIA...


Feliz 200(i)nove!!!!!!!!